Jamor

EM BUSCA DE UM ‘HOME RUN’

EM BUSCA DE UM ‘HOME RUN’

Há sete anos que todos os sábados de manhã a equipa dos Capitals, pertencente ao 643 Basebol Club, treina basebol no Jamor. Uma modalidade com pouca expressão em Portugal, mas que no ‘Vale de emoções e do encontro de gerações’ tem um espaço a que chama de casa.

Com cerca de meia centena de atletas federados, os Capitols treinam em simultâneo a sua equipa sénior, a equipa feminina de Softbol e uma mão cheia de crianças no escalão de infantis. Gonçalo Lopes, presidente do clube, começou por agradecer a forma como desde sempre foram acolhidos no Jamor.

“Só há um campo oficial de Basebol em Portugal, em Abrantes, onde também está sediada a federação. Em Lisboa, se não fosse o Jamor e em particular o IPDJ, não teríamos as condições para desenvolver a modalidade. É a nossa casa com muito orgulho e a melhor que existe!”, diz.

Gonçalo Lopes admite que não há cultura de Basebol no país e que uma das principais dificuldades é precisamente a infraestrutura que exige para a prática. São precisos dois campos de futebol juntos para se poder ter as medidas necessárias. “As dificuldades aumentam quando os pais não entendem o jogo e acabam por desmotivar as próprias crianças. Além disso, o Basebol é talvez a modalidade mais técnica que existe, o que também não ajuda. No entanto, é das mais inclusivas, pois tem lugar para todo o tipo de pessoas: altas, baixas, magras, gordas...”, acrescenta.

É uma modalidade que testa até ao limite a capacidade de resiliência de qualquer indivíduo, uma vez que o sentimento de frustração está ali mesmo ao virar do swing de uma tacada. “É preciso perceber que um bom batedor tem uma média de três tacadas em 10! Ora, para quem chega de novo, acertar na bola torna-se numa missão bastante difícil. É preciso paciência porque o Basebol é um jogo de rotinas”, continuou a explicar Gonçalo Lopes, que adiantou um ponto curioso: “Ainda para mais, é a única modalidade no mundo em que os falhanços são contabilizados e registados. Ninguém gosta de falhar e muito menos de ver os seus falhanços no marcador! Isto numa cultura que vivemos hoje de pouca ou nenhuma tolerância com o erro.”

Para os mais descontextualizados com o Basebol, há, no entanto, um termo que é do conhecimento geral: o home run. Dá-se quando uma tacada atira a bola para fora do campo. No campeonato da época passada, Gonçalo Lopes afirma que só houve cinco home runs, contabilizados oficialmente em campo específico. Uma boa parte foram conseguidos por jogadores estrangeiros que vivem em Portugal e pretendem manter a ligação ao Basebol. Falamos sobretudo de mexicanos, canadianos, cubanos, chineses de Taiwan e, a maioria, de venezuelanos, onde o Basebol é o desporto-rei.

“Trazem muita qualidade ao jogo, é verdade, mas o desenvolvimento da modalidade dá-se pelas bases, pelas crianças que se conseguem trazer para o Basebol. Uma tacada atinge facilmente os 120, 140 km/h e isso assusta qualquer um”, atira Gonçalo Lopes.

Com tantas adversidades na equação, resta a paixão pelo jogo por quem o pratica. João Marcelino, de 16 anos, mora em Oeiras e estava a cumprir o seu quarto treino. Equipado a rigor, contou um pouco do seu percurso: “Comecei pela natação, passei pela ginástica, pelo futebol – que foi o que menos gostei – e pratiquei ténis durante oito anos. Contactei pela primeira vez com o Basebol através de uma Atividade de Tempos Livres (ATL) e pensei que era mesmo aquilo que gostava de fazer. Entretanto, soube da existência dos Capitals e decidi vir experimentar. Estou para ficar!”

Confessa que o Basebol pode ser desmotivador numa primeira fase – dando razão à explicação de Gonçalo Lopes –, mas que a satisfação do sucesso supera tudo. “Quando acertei a primeira vez na bola foi uma alegria imensa. É uma modalidade com muita organização e aconselho todos a experimentarem e a darem várias oportunidades, pois é gratificante”.

No dia 11 de novembro haverá um curso de formação de treinador de Basebol e a federação conseguiu chamar dois nomes grandes da Major League norte-americana: Tim Leiper e Jose Montilla, dos San Francisco Giants, vêm aprimorar os conhecimentos dos portugueses. “Posso dizer que, do ponto de vista da formação, estaremos ao nível dos melhores da Europa”.

 Se quer experimentar Basebol, os Capitals estão à sua espera no Jamor!

08-11-2022